Como os β-glucanos estão transformando o manejo agrícola
A agricultura é uma atividade desafiadora, precisamos produzir mais, com maior qualidade, mas usando cada vez menos insumos químicos e com maior sustentabilidade.
Nesse contexto, os bioinsumos, antes vista como uma alternativa secundária, ganham cada vez mais espaço e importância nos manejos dos produtores rurais, sendo uma estratégia indispensável na busca de altas produtividades e mais rentabilidade no campo.
Entre os bioinsumos com potencial de indução de resistência em plantas destacamos os β-glucanos, que por seu forte embasamento científico e por ter resultados agronômicos consistentes.

O que são os β-glucanos?
Os β-glucanos são polissacarídeos estruturais presentes na parede celular de leveduras, fungos, algas e cereais.
Em plantas, atuam como moléculas sinalizadoras (MAMPs/DAMPs) que disparam respostas imunes naturais, um processo conhecido como priming.
Em outras palavras, funcionam como uma “vacina vegetal”: não matam os patógenos, mas preparam a planta para reagir mais rápido e com mais intensidade quando houver um ataque real.

Como agem nas plantas
Pesquisas científicas demonstram que a aplicação de β-glucanos ativa rapidamente:

Produção de espécies reativas de oxigênio (ROS)

Deposição de calose e reforço da parede celular

Ativação de MAP quinases e cascatas de sinalização

Expressão de genes PR (pathogenesis-related)

Indução de SAR (resistência adquirida sistêmica) e ISR (resistência induzida sistêmica)
Essas respostas aumentam a tolerância a fungos, bactérias e até alguns vírus, além de reduzir o estresse oxidativo causado por condições adversas como seca, calor e salinidade.

Ganhos agronômicos documentados
Diversos trabalhos de campo e ensaios controlados já comprovam benefícios agronômicos consistentes do uso de β-glucanos:
Soja: redução da severidade da ferrugem-asiática e maior conservação da área foliar no florescimento.
Tomate: laminarina (β-1,3-glucano) reduziu a incidência de Botrytis cinerea e elevou a expressão de genes PR2, PR8 e PR15.
Videira: produtos à base de parede celular de levedura (cerevisane) reduziram míldio e permitiram menor uso de cobre.
Frutíferas e hortaliças: redução de podridões pós-colheita, aumento da firmeza e da vida útil dos frutos.
Além do controle indireto de doenças, os β-glucanos contribuem para:

Maior eficiência fotossintética e vigor vegetativo

Melhor pegamento de flores e frutos sob estresse

Menor senescência precoce, preservando área fotossintética ativa

Aspectos técnicos para a formulação de um bioestimulante com β-glucanos
Transformar os β-glucanos em um bioestimulante comercial padronizado e eficaz exige uma série de cuidados técnicos:

Obtenção e extração
A principal fonte industrial é a parede celular de Saccharomyces cerevisiae, obtida por fermentação e autólise controlada.
O processo de remoção de proteínas e lipídios (por lavagens alcalinas e tratamentos térmicos) é essencial para concentrar os β-glucanos e reduzir compostos indesejados.
Métodos suaves de extração preservam a estrutura β-(1,3/1,6) ativa, que é a forma biologicamente reconhecida pelas plantas.

Padronização do bioinsumo
É fundamental garantir teores constantes de β-glucanos ativos, além da padronização do tamanho de partícula. Além disso é necessário buscar marcadores bioquímicos consistentes para que cada lote de produto tenha uma atividade elicitora comparável.
O resultado agronômico deste ou de qualquer bioinsumo depende muito de seu processo de produção. Conhecimento e domínio das rotas de produção e condições adequadas de processo são mais do que essenciais para obtenção de um produto realmente eficiente.

Integração com produtos biológicos: sinergia comprovada
Outro grande diferencial dos β-glucanos é seu efeito prebiótico:

Fornecem substratos e sinais que aumentam a colonização e persistência de Bacillus, Trichoderma e leveduras antagonistas.

Promovem formação de biofilmes e enzimas hidrolíticas, potencializando a ação desses microrganismos contra patógenos
Ou seja, funcionam como um elo entre a bioestimulação e o controle biológico, fortalecendo programas de manejo integrado.

Uma nova era no manejo vegetal
Os indutores de resistência — especialmente os β-glucanos — representam uma nova camada de proteção fisiológica, que não substitui defensivos, mas eleva o teto de produtividade e reduz perdas.
Quando aliados a extratos vegetais, aminoácidos e micronutrientes, eles pavimentam o caminho para sistemas agrícolas mais resilientes, sustentáveis e rentáveis, pensando nisso desenvolvemos um produto chamado REFERENCE BETA G, que une as atividades bioestimulantes dos extratos de algas, a capacidade de complexação de nutrientes dos aminoácidos e micronutrientes essenciais e sinérgicos (Mn, Mo e Zn).
Adotar tecnologias baseadas em β-glucanos é antecipar o futuro da proteção de plantas.
Não se trata mais apenas de combater doenças — mas de preparar a planta para vencer os desafios antes mesmo que eles apareçam.